Por que “siga sua paixão” é um péssimo conselho de carreira

 / 22.12.2020

Em vez de buscar paixões, uma forma mais útil de saber onde você deveria investir energia e tempo é olhando para dentro de si e para suas experiências.

Você já deve ter ouvido que o melhor para quem não sabe o que fazer da vida ou para quem se está infeliz no trabalho, é seguir a sua paixão. Não que a frase esteja incorreta. Dependendo do momento de vida, pode ser que você tenha se envolvido tanto com o trabalho que acabou se esquecendo do que realmente gosta de fazer.

A insatisfação costuma nos empurrar para algo que nos faz mais felizes. E também, nada melhor do que trabalhar com aquilo que você gosta, certo? O grande problema é que esse tipo de pensamento pode nos levar a frustrações. Afinal, paixões podem ser passageiras.

Então, em vez de buscar paixões, uma forma mais útil de saber onde você deveria investir energia e tempo é olhando para dentro de si e para suas experiências.

O que soa natural para você e não para outras pessoas?

Troque a busca por uma paixão, que pode ser efêmera, pela curiosidade de encontrar uma espécie de “força oculta”, na falta de um nome melhor.

Essa força seria algo que está com você há bastante tempo, para a qual você sempre acaba voltando, não importa os percalços que você esteja tentando superar.

No meu caso, essa “força oculta” sempre foi compartilhar o que aprendi para ajudar outras pessoas. Ao longo dos anos, isso foi se manifestando de maneiras diferentes. Como líder, como palestrante, como autor, como colunista. E definir tudo o que fiz até hoje usando o discurso de “siga sua paixão” talvez esconderia o trabalho duro, as negativas, as decepções e os obstáculos que encontrei pela minha trajetória, passando a ideia de que tudo flui magicamente a partir do momento em que decidi fazer o que amo.

Por não ser uma paixão passageira é que tenho momentos de tristeza, raiva e frustração quando estou realizando tarefas ligadas ao meu desejo de ajudar outras pessoas, seja preparando uma palestra, seja escrevendo um livro, seja liderando equipes, seja pensando em temas para esta coluna. E que sigo retornando a esse chamado pessoal, não importa o que aconteça. Isso é natural para mim.

A recompensa de ver uma audiência engajada com uma palestra, pessoas emocionadas na plateia, mensagens de leitores que leram algo que escrevi em que relatam mudanças profundas na maneira de conduzir a própria vida, ou um time performando acima da média depois de trabalharmos juntos por um tempo, é inenarrável.

Os desafios diminuem de tamanho porque meu esforço e meu desejo ganham sentido.

Perceba que a palestra, o livro e a liderança são apenas meios, não fins. Se você é um jovem ainda perdido em relação ao futuro ou um profissional buscando novos caminhos, tenha cuidado com as paixões.

A paixão de hoje pode se tornar um pesadelo em alguns anos.

Então, olhe para dentro.

As respostas não estão aqui fora, nem em listas de tendências e das principais carreiras para a próxima década.

Tendências e carreiras são meios, não fins. Investigue a você mesmo e se pergunte que força oculta te recompensa e realiza. Dentro de você é que estão as boas respostas.

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Allan Costa
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