O verdadeiro papel dos mentores: não dar respostas prontas

 / 14.07.2020

Sempre acreditei que ter grandes mentores era fundamental para todo profissional que busca ser relevante na sua área de atuação.

Desde cedo na minha carreira, busquei estar ao lado de pessoas que eu admirava e que podiam me passar um pouco de sua experiência.

Essa é uma das ideias que defendo fortemente e que sempre está na minha “lista de conselhos” para aqueles que me procuram para saber como alavancar suas carreiras.

Ao longo dos anos fui aprendendo o verdadeiro papel de um mentor.

Em um primeiro momento, ainda no início da minha carreira, via os mentores quase como figuras inalcançáveis, que detinham todas as respostas e que podiam me mostrar, como num mapa de rotas pré-definidas, quais caminhos eu deveria seguir para atingir meus objetivos.

Com o passar do tempo, fui mudando a minha visão. Isso se intensificou quando passei não apenas a admirar mentores, mas quando me tornei, eu mesmo, um mentor para outras pessoas. Jovens empreendedores, jovens investidores, jovens profissionais.

Em um determinado momento, passei a estar do outro lado. Claro, nunca deixarei de ser um aprendiz e de buscar ótimos conselheiros, mas ao orientar pessoas, percebi que, no final das contas, o papel que gostamos de atribuir aos mentores, principalmente no início de nossas carreiras, é equivocado.

Como mencionei, gostamos de vê-los como guardiões das respostas que procuramos. Alguém que pode fornecer uma solução definitiva sobre os questionamentos que enfrentamos.

Aqui, trago um exemplo de uma das experiências mais transformadoras que já vivi.

Em 2010, passei 2 meses em Harvard, em um programa chamado Advanced Management Program, período que, inclusive, narro em detalhes no livro 60 Dias em Harvard. Uma das várias coisas que me chamaram atenção quando estava nessa formação executiva foi a forma como as aulas eram conduzidas.

Havia muitos questionamentos feitos à turma e poucas respostas prontas.

Os mestres do programa, alguns dos mais renomados professores de negócios do mundo, deixavam bem claro: “We don’t provide answers. We make a lot of questions”. O que quer dizer, em uma tradução livre: “Nós não damos respostas. Fazemos muitas perguntas”. E esse é exatamente o ponto em que eu queria chegar.

Grandes mentores não são aqueles que fornecem respostas. Profissionais e empresas possuem variáveis e contextos únicos, que são mais complexos do que um mero conjunto de receitas que alguém possa dar.

Fazer as perguntas corretas é mais importante do que fornecer soluções definitivas. Questões que ajudam profissionais, gestores ou empreendedores a refletirem profundamente a respeito das decisões que querem tomar.

Portanto, se você, na condição de aprendiz, acha que um mentor precisa dar respostas didáticas, repense essa abordagem.

Da mesma forma, se você é um mentor que costuma prover mais respostas do que perguntas, considere isso um ponto de atenção. Pode ser que você esteja privando aqueles que procuram os seus conselhos de serem provocados e instigados a pensarem de maneira diferente.

Grandes mentores são, no fim das contas, grandes questionadores.

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Allan Costa
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