O que o IPO da Coinbase tem a nos dizer sobre os próximos anos

 / 27.04.2021

Eu não faço a menor ideia se a ação da Coinbase vai subir ou descer. Ou se a empresa será ou não bem-sucedida no longo prazo. Mesmo assim, acredito que o IPO da companhia foi um ponto de virada para o mercado

Na última semana a notícia da abertura de capital da empresa norte-americana Coinbase chamou a atenção. O valor estimado? 100 bilhões de dólares.

Se você ainda não conhece, a Coinbase é hoje uma das maiores casas de câmbio de criptoativos do mundo. Dentro da plataforma, usuários podem comprar e vender criptomoedas, como Bitcoin, Ethereum e Litecoin. A empresa possui hoje mais de 1.000 colaboradores, 56 milhões de usuários e registrou mais de 1 bilhão de dólares em faturamento em 2020.

O IPO da empresa é memorável por diversas razões.

A primeira delas é que a Coinbase é a primeira empresa que nasceu no – ainda novo – mercado de criptomoedas a abrir capital em uma bolsa. A segunda razão tem a ver com o assustador valor estimado da empresa. Cem bilhões de dólares de valor de mercado no IPO foi algo semelhante ao valor do Facebook em sua abertura de capital, em 2012.

Agora, um ponto importante: eu não faço a menor ideia se a ação da Coinbase vai subir ou descer. Ou se a empresa será ou não bem-sucedida no longo prazo. Mesmo assim, acredito que o IPO da companhia foi um ponto de virada para o mercado.

Veja: a Coinbase foi fundada em 2012, meses após Brian Armstrong, um de seus cofundadores, ter lido o famoso paper de Satoshi Nakamoto sobre o Bitcoin. Se hoje a ideia de Bitcoin e criptoativos ainda é desconhecida ou não entendida por boa parte da população, imagine há 9 anos.

A trajetória e IPO da Coinbase traz uma lição interessante. Os cofundadores da empresa foram ousados em sua premissa inicial: olharam para onde ninguém estava olhando. Apostaram em um mercado que praticamente não existia.

A história da empresa me lembra outras similares. Microsoft e Apple, que apostaram nos computadores pessoais quando essa ideia parecia uma loucura. A Amazon, que apostou no e-commerce quando aproximadamente 5% da população acessava a internet.

Aqui no Brasil também temos ótimos exemplos: A VTEX, gigante brasileira de e-commerce, foi fundada em 1999, quando a internet não passava de um conceito distante para boa parte da população brasileira. A Movile, dona de empresas e marcas como iFood e PlayKids, foi criada em 1998. Puxando mais para o meu lado, a ISH Tecnologia, empresa da qual sou sócio e Diretor de Inovação e Alianças, foi fundada em 1996, como uma consultoria de TI e ao longo dos anos se tornou uma referência em cybersegurança, quando o assunto ainda não era amplamente discutido no mundo empresarial.

Estar envolvido em um mercado nascente e conseguir se manter nesse mercado por tempo suficiente faz toda a diferença para construir um negócio de sucesso.

Da mesma forma como Brian Armstrong e Fred Ehrsam, cofundadores da Coinbase, olharam para onde ninguém estava olhando quando fundaram a empresa, deixo aqui o meu questionamento para você: Para onde você está olhando agora? Isso ainda será relevante nos próximos 10 anos? Isso poderá crescer de forma exponencial ou pode perder relevância?

Essas são perguntas importantes que muitas vezes não nos fazemos, mas que fazem toda a diferença na construção de valor no longo prazo.

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Allan Costa
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