Já defendi mais de uma vez que o mundo dos negócios é um mundo de narrativas. Gostamos de achar que tomamos decisões baseadas em dados ou de forma racional, mas no fim das contas, tomamos muitas decisões baseadas em narrativas.
Narrativas nada mais são do que histórias.
No mundo dos negócios, isso significa aquilo que está por trás dos dados ou então aquilo que ajuda a fazer com que os dados façam mais sentido. Sou um grande fã de uma boa história e acredito fortemente no poder do storytelling para os negócios.
O storytelling, então, pode ser uma ferramenta poderosa de alinhamento de time, de criação de motivação e de comunicação ao mercado no geral. Contudo, o mundo dos negócios gosta também de criar novos nomes e novas histórias para coisas que já existem há décadas.
Growth Hacking, por exemplo, tão utilizado ao longo da última década, nada mais é do que o marketing voltado a resultados e experimentos. Mas um tipo de rebranding algumas vezes é necessário para que o mercado entenda melhor as definições, com certeza.
Isso aconteceu também no mundo das startups.
O termo unicórnio foi criado em 2013, quando startups com valor de mercado acima de 1 bilhão de dólares ainda era algo raro. Com o tempo, centenas de startups alcançaram este título e ele foi ficando cada vez mais comum – embora ainda seja uma parcela mínima de startups que alcance este valuation. Anos depois, surgiu outro termo, os decaunicórnios, ou seja, startups avaliadas em pelo menos 10 bilhões de dólares.
Durante a bolha das pontocom, na virada para os anos 2000, emergiu a narrativa de que as métricas tradicionais do mundo dos negócios – fluxo de caixa, EBITDA, lucro – simplesmente não se aplicavam a este novo mundo da internet. Vimos empresas levantando milhões de dólares em investimento simplesmente por que tinham uma apresentação de slides e um bom domínio .com. É claro, a realidade mostrou que essas métricas continuavam importantes para qualquer negócio, fossem eles de internet ou não. O documentário We Crashed, que conta a história do surgimento da Wework, maior empresa de coworking do planeta, mostra exatamente como isso funciona.
Se as narrativas são tão mutáveis, no que devemos focar? Como separar aquilo que é simplesmente uma nova narrativa daquilo que realmente faz sentido?
Conhecer os princípios básicos da área na qual você está inserido é fundamental para isso. Contudo, conhecer os princípios básicos pode não ser suficiente, já que o avanço tecnológico traz consigo diversas novas ferramentas a todo momento.
O segredo está, então, em conseguir aprender os princípios mais fundamentais e alinhá-los às ferramentas de última geração.
É exatamente isso que os grandes marqueteiros e engenheiros fizeram com o boom do Growth Hacking, por exemplo.
Temos hoje centenas de ferramentas e possibilidades de testagem de hipóteses que não existiam há 20, 30 ou 50 anos. Contudo, os princípios de marketing, vendas e psicologia humana permanecem os mesmos.
O mesmo acontece no mundo das startups, sobre o qual falamos um pouco acima. As novas tecnologias trouxeram a possibilidade de escala de modelos de negócio que não eram possíveis há algumas décadas. Contudo, os princípios de uma boa gestão e de resultados financeiros consistentes permanecem os mesmos.
Aprenda os princípios mais fundamentais e antigos e junte-os às ferramentas de última geração. Esta é uma combinação poderosa.
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