De pai para filho: sobre certo e errado

 / 04.06.2015

“Essa eleição é sobre a Nação que quero deixar para você, e que você vai deixar para os seus filhos. Queremos uma Nação em que roubar e trapacear é referendado pelo povo e, portanto, um comportamento aceito? Ou queremos uma Nação que tenha a capacidade de se indignar e perseguir dias melhores sem abrir mão dos valores mais essenciais de uma sociedade civilizada?”

No domingo ocorrerá a eleição para Presidente mais importante da história do Brasil. Talvez, Lucca, do alto dos seus 12 anos, você ainda não consiga compreender todo o falatório em torno de política, e coisas do gênero. Mas tenho certeza de que uma coisa você sabe bem diferenciar: o certo do errado.

Eu tenho certeza que, entre uma bobagem e outra falada nesses horários eleitorais, você deve ter tido contato com coisas bacanas que foram feitas pela Dilma e pelo PT. Os avanços sociais foram importantes, nosso País é tremendamente desigual e criar oportunidade para os que delas necessitam é, sim, uma obrigação do Governo. O PT melhorou aspectos na educação, criou programas como Ciência sem Fronteira e PRONATEC, que permitem que mais gente faça faculdade e cursos técnicos; o Bolsa Família é importante para ajudar quem não tem outra fonte de renda; enfim, várias coisas legais feitas. Mas não é disso que essa eleição vai tratar.

A eleição do próximo domingo é uma escolha a respeito do que é certo ou errado! É simples assim.
Uma grande parte das pessoas que escolherão o PT e a Dilma o farão porque têm medo! São pessoas que se beneficiaram dos avanços sobre os quais acabei de falar e simplesmente têm medo de perder esses benefícios. É um povo sofrido que melhorou, ainda que marginalmente, de vida, e tem pavor de imaginar que qualquer coisa possa leva-los novamente àquela situação anterior. Isso é mais do que compreensível.

Mas para o resto da população que não recebe Bolsa Família a escolha é outra. O PT, como você sabe, foi o Partido mais corrupto da história do Brasil. Quem defende o PT tenta falar de coisas que governos anteriores fizeram, supostos escândalos e desvios feitos por terceiros, como se o erro dos outros pudesse justificar o deles. Mas não se engane. Toda a história de corrupção desse País somada não equivalem ao que foi feito apenas na Petrobras. Evidentemente que com 12 anos você não viveu a história, mas ver o PT nascer e crescer lá atrás, trazia a esperança de que fosse possível ter ética na política, essa era a bandeira deles. A gente até podia não concordar com a sua filosofia de esquerda mais acentuada, mas como proposta, ninguém podia questionar o PT. Infelizmente, quando eles chegaram ao poder, tudo isso mudou. Revelou-se que o PT não tinha um projeto de nação, mas sim um projeto de poder, e de perpetuação nesse poder a qualquer custo.

Os que defendem o PT são rápidos em argumentar que o PT fez coisas boas, e isso é verdade! Mas acreditar que uma coisa boa anula uma coisa má é uma crença perigosa. Independentemente de quem vença a eleição, não se deixe enganar. Não é assim que as coisas funcionam. A mentalidade de que o PT roubou, desviou, criou quadrilhas, se aproximou de ditaduras tornando o Brasil uma piada na comunidade diplomática internacional, aparelhou o estado com gente incompetente cujo único propósito é desviar dinheiro público em benefício do partido, desviou recursos da nossa gente para financiar ditaduras pela América Latina, aniquilou a Petrobras, aparelhou o STF, debilitou a Economia, deixou a inflação fora de controle, tentou criar mecanismos de censura à imprensa e tantos outros absurdos, mas que também fez coisas boas que apagam todo o mal, definitivamente, não é adequada.

Você deve sempre respeitar opiniões diferentes. Pode não concordar com elas, mas deve entender e aceitar o fato de que as pessoas acreditam naquilo que é mais convergente com a sua visão de realidade. Algumas pessoas são de direita, outras de esquerda; algumas acreditam em capitalismo e liberalismo, outras acreditam em socialismo e comunismo; algumas acreditam em economia de mercado, outras acreditam em um estado interventor. Isso é normal, e é assim que tem que ser. Mas mais uma vez, essa eleição não é sobre isso.

Essa eleição é sobre decência!!!! É sobre referendar um conjunto de pessoas e uma filosofia partidária que comprovadamente fez o que fez, sem escrúpulos e limites, ou repudiar essa prática escolhendo mudar. E nesse caso, não importa se a mudança se dará pelo partido A ou B, pelo candidato C ou D, desde que eles tenham um mínimo de condições para levar a mudança adiante.

Essa eleição é sobre conversas que um pai deve ter olhando nos olhos do filho, para explicar a ele o significado de expressões como valores, ética, correção, honestidade, responsabilidade e legado. Escolher quem fez tudo que fez, independentemente de lado político ou simpatia com esse ou aquele candidato, é ser conivente e pactuar com tudo que vem acontecendo. Escolher o projeto que aí está, depois de tudo que se comprovou quanto aos chamados “desvios de conduta” desse grupo, me tiraria a condição de te olhar nos olhos e cobrar de você uma conduta íntegra e decente.

Não meu filho, essa eleição não é sobre PT x PSDB nem sobre Dilma x Aécio. Essa eleição é sobre coerência! É sobre o tipo de exemplo que quero dar a você. É sobre a condição de te cobrar uma postura ética sem o risco de ser questionado quanto às minhas próprias escolhas ao votar em um grupo que comprovadamente pratica o contrário do que estou te cobrando. Não posso correr o risco de ouvir de você que sou incoerente porque cobro uma conduta íntegra mas voto em quem comprovadamente rouba o País. Essa eleição, meu filho, é sobre a minha condição de continuar buscando te orientar a perseguir o melhor caminho e, para fazê-lo, ter a coragem, a serenidade e a hombridade de te dizer “isso não está certo”, tendo consciência que meu discurso é compatível com a minha ação.

Essa eleição é sobre a Nação que quero deixar para você, e que você vai deixar para os seus filhos. Queremos uma Nação em que roubar e trapacear é referendado pelo povo e, portanto, um comportamento aceito? Ou queremos uma Nação que tenha a capacidade de se indignar e perseguir dias melhores sem abrir mão dos valores mais essenciais de uma sociedade civilizada? Essa é a pergunta que será respondida no domingo, meu filho. Uma escolha simples, quanto ao que é certo e ao que é errado. É simples assim!

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Allan Costa
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