A XP, o IPO e as consequências não-óbvias

 / 23.12.2019

Esse mês tivemos o tão aguardado IPO da XP Investimentos, gigante brasileira criada por Guilherme Benchimol que alcançou um valuation de 62 bilhões de dólares após abrir o seu capital na Nasdaq.

A história chamou atenção de diversas pessoas, incluindo aquelas que mal conheciam a empresa ou então o seu fundador e que, erroneamente, colocam o sucesso da companhia como “sorte” ou então algumas outras se questionando sobre essa empresa que parece ter “surgido do nada”.

Como diria Sam Walton, fundador do Walmart, o sucesso do dia para a noite demora 20 anos para ser construído.

A XP foi fundada em 2001 e apostou na educação como uma alavanca de crescimento. O que me chama a atenção na história da empresa foram os diversos momentos de virada durante esses quase 20 anos.

A XP apostou em um modelo de negócio que não existia aqui no Brasil, abrindo um “shopping financeiro” para que os clientes pudessem ter centenas de opções de investimento para além dos produtos oferecidos pelos bancos tradicionais.

O que eu gosto na história de Benchimol e da XP são algumas simetrias com outras histórias. Em uma talk esse ano, durante a Expert 2019 (evento promovido pela XP), Guilherme disse que três das suas grandes influência na vida foram seu pai, Ayrton Senna e Jorge Paulo Lemann.

Lemann fundou o Banco Garantia ainda nos anos 70 e, com o passar das décadas, inspirou e financiou milhares de jovens no Brasil, como Henrique Dubugras (CEO da Brex, unicórnio do Vale do Silício), Hugo Barra (VP de Realidade Virtual do Facebook) e Carlos Brito (CEO Global da AB Inbev).

Além desses nomes, podemos dizer que o estilo de gestão de Lemann influenciou milhares de negócios e empreendedores Brasil afora (incluindo o próprio Benchimol, que adotou a estrutura de partnership da XP Investimentos baseada no que Lemann havia feito no Garantia).

Tudo isso me soa muito interessante pois gosto de imaginar os próximos anos. Da mesma forma que Lemann influenciou uma geração inteira de empreendedores, será que é exagero dizer que Benchimol fará o mesmo?

Com certeza, esse caminho já começou a ser traçado. Principalmente depois do ganho midiático que teve, Benchimol já é um dos líderes empresariais mais admirados do Brasil.

Essa reflexão é importante para pensarmos sempre no quão importante são essas inspirações e influências. O fato de uma empresa brasileira estar na Nasdaq e ser avaliada em 62 bilhões de dólares é algo para ser aplaudido.

Mais do que isso, muitas vezes não conseguimos enxergar as “consequências não-óbvias” de acontecimentos como esses. Não é apenas o IPO e nem as cifras bilionárias.

É como todo o ecossistema muda com tudo isso. Cada história de sucesso que construímos nesse país extremamente nocivo ao empreendedorismo que é o Brasil é extremamente relevante.

O tal do sonho grande dito por Lemann, embora tenha virado chavão na boca de alguns, é essencial para um país como o nosso. Para que possamos continuar a construir grandes coisas. Para que possamos continuar desenvolvendo outros “Benchimols” e “Dubugras”, que irão influenciar as novas gerações de empreendedores de formas como não conseguimos compreender hoje.

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Allan Costa
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