A quadragésima nona Lei do Poder

 / 05.06.2015

“Não raro, só conhecemos o verdadeiro caráter de um indivíduo quando o investimos de poder.”

Em 1998, Robert Greene, um workaholic que supostamente teve mais de 80 empregos diferentes antes de se tornar escritor, publicou as “48 Leis do Poder”, uma espécie de compêndio que mostra como agem os mestres deste jogo que influencia o curso da história e da própria humanidade desde que o homem desceu das árvores (provavelmente, até antes disso).

É preciso estômago e ausência de romantismo para mergulhar nas páginas da obra de Greene, afinal, a “realidade real” descrita pelo autor não é necessariamente bonita, e tampouco se deixa influenciar por aspectos éticos ou morais.

Algumas leis sugerem estratagemas e dissimulações que fariam corar Maquiavel.  Entre outras coisas, tratam da necessidade de preservar a reputação a todo custo e da importância de ser reconhecido por méritos que não necessariamente sejam próprios; sugerem a necessidade de desvincular-se de infelizes e azarados para evitar o contágio; instruem os espertos a se fazerem de otários justamente para pegar os otários. E por aí afora!

Uma forma de conseguir encontrar prazer na leitura é fazê-lo com o intuito de aprender a reconhecer tais comportamentos e a se prevenir contra eles, algo tremendamente útil nos dias atuais.

Cometo aqui a ousadia de propor uma quadragésima nona lei.

O faço porque percebo que o impacto negativo deste novo mandamento acomete inúmeras empresas e organizações em momentos cruciais da sua história, e todo empreendedor deve estar atento a fim de se precaver contra as suas nefastas consequências.

A redação da lei de número 49 seria algo como: “Você nunca conhece verdadeiramente um ser humano até que lhe dê poder”.

Sempre advogo a causa de que qualquer empresa ou organização é formada por seres humanos. Exatamente por isso, o dano potencial decorrente de decisões que não levam essa lei em consideração pode ser tão grande.

O desenvolvimento de qualquer empresa passa necessariamente pelo seu processo de crescimento. E quando esse crescimento se acelera, a única alternativa para o empreendedor é delegar. Confiar nas pessoas que estão ao seu redor e delegar funções, atribuições e… PODER!

Não raro, só conhecemos o verdadeiro caráter de um indivíduo quando o investimos de poder. Nesse momento, sua verdadeira índole se revela (a leitura das outras 48 leis propostas por Greene ajuda muito a entender como isso funciona) e rapidamente a empresa e as demais pessoas que passam a estar sujeitas a essa nova fonte de poder, sentem as consequências.

Não é recomendável deixar nas mãos da sorte a escolha das pessoas que serão merecedoras dessa força que necessariamente deverá ser transferida quando sua empresa estiver progredindo. A forma como esse poder será exercido fará toda a diferença na sustentação do sucesso e do crescimento.

Imagino que você deva estar se perguntando: perfeito, mas então, como posso praticar essa delegação de forma a reduzir a probabilidade de fazer escolhas equivocadas?

Por certo também não há fórmula pronta, mas um caminho possível é fazer pequenos experimentos de delegação de poder em questões pontuais.

Em projetos e situações específicas, experimente colocar significativa parcela de poder nas mãos daqueles que, até aqui, têm se mostrado merecedores dessa confiança. Isso feito, apenas observe. Você receberá sinais inequívocos sobre como esse indivíduo lida com essa nova realidade. Alguns, se refestelarão com as benesses da nova função; se tornarão autoritários, esquecerão os valores que aparentemente professam e não resistirão à sedução exercida por esse tal poder. Outros, compreenderão a máxima do Homem-Aranha, personagem dos quadrinhos e do cinema, que já dizia que “grande poder exige grande responsabilidade”; conseguirão atuar de forma consistentemente íntegra e farão uso positivo do poder em benefício da organização e do bem comum, jamais com foco em benefícios pessoais.

Aposte nestes últimos e você terá dado um importante passo para o progresso futuro da sua empresa.

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Allan Costa
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