É comum que gestores (e demais profissionais) ainda tenham uma visão arcaica sobre a figura do líder. O mercado de trabalho de décadas atrás era extremamente pautado por gatekeepers. Os líderes eram vistos como grandes guardiões de informações e decisões.
As estruturas eram muito mais hierarquizadas, os processos mais lentos e as respostas limitadas a alguns poucos “escolhidos”. Nesse contexto, os líderes sempre foram vistos como profissionais que tinham todas as respostas.
O líder era visto, portanto, como o responsável por dar todas as respostas.
Contudo, com as mudanças ocorridas nas últimas décadas, é possível cada vez mais perceber a transformação no papel dos líderes. Vamos começar pensando de forma holística: a mudança nas empresas.
Antes da explosão tecnológica que vivenciamos neste século, as empresas eram baseadas em algumas características padrão: muitos níveis hierárquicos, processos internos extremamente burocráticos e pouco questionamento. Diante desse cenário, era comum que a figura do líder se confundisse com a do HiPPO, sigla para Highest Paid Person’s Opinion, ou, em português, “Opinião da Pessoa Mais Bem Paga”. Isto é, os líderes eram, necessariamente, vistos como os profissionais mais acima na hierarquia das companhias.
E como o custo de errar naquela época era imensamente maior do que é hoje, a abertura para questionamentos e experimentos era bastante restrita, cabendo aos profissionais mais bem posicionados hierarquicamente ter as respostas finais.
Assim, durante décadas, fomos acostumados a pensar que um líder é aquele que possui todas as respostas. Aquele que dirá quais serão os próximos passos. Aquele que mostrará exatamente o que cada profissional deve fazer.
Hoje, contudo, a história é outra.
Levando em conta, novamente, as organizações, os níveis hierárquicos diminuíram, os processos internos se tornaram mais rápidos e existe mais espaço para questionamento. O papel do líder, naturalmente, mudou. Com o avanço tecnológico, o custo de errar e experimentar dentro das companhias diminuiu exponencialmente, abrindo espaço para que novas hipóteses sejam levantadas a cada dia.
Qual o papel do líder nisso tudo?
Diferente de décadas atrás, o líder não pode ser visto como o detentor de todas as respostas. Hoje, um líder possui três funções básicas dentro de uma organização:
1) Inspirar
Pode parecer clichê, com certeza. Você com certeza ouve falar de motivação, inspiração e propósito em diversas publicações todos os dias. Contudo, inspirar aqui refere-se ao fato do líder ser capaz de juntar profissionais em torno de um mesmo objetivo, buscando uma mesma visão. Um líder deve ser capaz de enxergar os próximos passos da organização e transmitir essa visão de futuro para seus subordinados, inspirando-os a fazer de tudo para que aquela visão se torne realidade.
2) Abrir espaço
Se antes tínhamos o líder como um gatekeeper, guardando informações e decisões, hoje, o líder pode ser visto muito mais como um “abridor de espaços”. Abrindo espaços para novas iniciativas, abrindo espaço para a inovação, abrindo espaço para novos talentos. Isso pode se dar por não barrar novas iniciativas ou então para convencer a alta direção de que determinada inovação ou determinado profissional merece um maior investimento.
3) Fazer as perguntas certas
Como já falei, no século passado os líderes eram vistos como detentores de todas as respostas. Em um mundo muito mais aberto e com processos rápidos, achar que apenas um profissional detém todas as respostas é um tiro no pé. Não é à toa que nos últimos anos temos ouvido falar tanto em inovação aberta, por exemplo. Centralizar as decisões no mundo como o de hoje significa perder velocidade. E em um mundo dominado por tecnologias exponenciais, velocidade é fundamental.
Dessa forma, ao invés de deter todas as respostas, um líder deve ser capaz de fazer as perguntas certas. E a partir dessas perguntas, inspirar seus colaboradores a agir e abrir espaço para que eles coloquem as ideias em prática.
Um líder deve ser, sobretudo, um grande “questionador”. Questionar o mercado. Questionar os próximos passos. Questionar os processos.
Um líder que questiona é um líder capaz de fazer com que a organização visualize seu futuro.
Um líder que abre espaço é um líder capaz de dar oportunidades para que novas ideias floresçam e talentos se desenvolvam.
Um líder que inspira é um líder capaz de guiar os colaboradores pelo presente e futuro da companhia.
Qual tipo de líder você é?
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